Leitor no divã (página 3 de 13)

Nós, leitores, somos seres cheios de manias. Queremos sentir que não estamos sozinhas no mundo com nossas, digamos, peculiaridades. Leia, identifique-se e comente!

[Divã] Não fui eu e a crise da democracia brasileira

A democracia brasileira está em crise. A cinco meses das eleições presidenciais de 2018, a lista de candidatos é tão longa quanto assustadora, e nenhum dos nomes parece realmente viável. É possível que 2019 seja tão caótico quanto foi 2015, com perdedores contestando o resultado e um Congresso acuado pelas denúncias da Lava-Jato. Ao mesmo tempo, apesar da crise econômica que fez mais de 12 milhões de desempregados e colocou milhões em situação de pobreza extrema, a sociedade parece viver um grande período de apatia.

Essa falta de posicionamento para além das redes sociais, onde se concentra a indignação do brasileiro, é assustadora, mas talvez não seja uma “jabuticaba”, como gostamos de chamar os problemas exclusivamente brasileiros. Na edição de abril, a revista piauí trouxe um especial sobre o momento político mundial, em que a estima da democracia no mundo está em declínio, sem que ninguém saiba exatamente qual será o sistema político que pode vir a suprir esse vácuo.

O sociólogo Celso Rocha de Barros, em seu excelente ensaio sobre O Brasil e a Recessão Democrática, mostra que a crise brasileira até pode ser coisa nossa, com um desarranjo econômica avassalador produzida internamente e um quadro político que soma um ex-presidente preso, uma presidente alvo de impeachment, três  ex-governadores do Rio de Janeiro atrás das grades e conversas inescrupulosas entre o atual mandatário do país e um dos mais conhecidos empresários brasileiros – hoje também em uma cadeia.

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[Divã] Quem nunca quis ter uma livraria?

Neste fim de semana, assisti ao filme A Livraria, baseado no romance homônimo, The Bookshop, da autora britânica Penelope Fitzgerald. Além das cenas cheias de caixas de livros novinhos e prateleiras deslumbrantes, o filme arranca suspiros de leitores vorazes, porque a história se desenvolve em cima de um sonho que a maioria de nós nutre: ter uma pequena e charmosa livraria, que, de tão acolhedora, irá espalhar a paixão pela leitura, até entre aqueles que não têm esse hábito.

A protagonista, Florence Green, é uma viúva que decide abrir, na pequena Hardborough, no litoral da Inglaterra, a primeira livraria da cidade. Ela escolhe como sede do empreendimento um prédio histórico e logo vira alvo da perseguição de Violet Gamart, uma influente figura da elite local, que tinha outros planos para o imóvel.

Em meio a essa tensão, há vários personagens marcantes, como a garotinha que trabalha na loja e acaba encontrando ali o seu lugar no mundo, e o Sr. Brundish, um homem excêntrico, que vive encerrado em sua mansão devorando livros. Quando descobre que Hardborough ganharia uma livraria, Brundish entra em contato com Green e pede que ela lhe envie suas indicações de leitura. É a livreira quem lhe apresenta a literatura de Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451, romance pelo qual ele fica hipnotizado. Nasce, então, a partir dos livros, uma amizade improvável.

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[Divã] Fenômenos literários

Como vocês sabem, estamos super animadas com o livro escolhido para o 11º Clube do Livro do Achados e Lidos. O título selecionado foi Canção de Ninar, da franco-marroquinha Leïla Slimani (quer saber mais sobre a autora e a obra? Clique aqui!). Um daqueles fenômenos literários raros – sucesso de público e crítica – o livro já vendeu mais de 600 mil exemplares e, ao mesmo tempo, levou o Prix Goncourt, mais prestigioso prêmio literário francês.

Reunir esses dois atributos é, sem dúvida, um grande feito. No mercado, não faltam best-sellers, como a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, ou praticamente todo livro lançado por Jojo Moyes, que atraem milhares de  leitores, mas são solenemente esnobados pela crítica especializada. O que será necessário, então, para fazer nascer um fenômeno como Slimani?

A autora parece reunir, em sua obra, várias qualidades que a aproximam do público, como uma linguagem fácil e acessível e um romance que se inicia em clima de suspense, com atributos literários consideráveis, como sua capacidade de fazer o leitor enxergar outras realidades e nuances do cotidiano por meio de personagens bem construídos. Os temas que ela levanta também são socialmente relevantes. De origem marroquina, Slimani viveu a maior parte da vida na França, o que faz dela uma ótima porta-voz sobre imigração, capaz de escrever com autoridade sobre as sutilezas do preconceito com que estrangeiros são tratados em um país pouco tolerante com quem vem de fora.

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[Divã] Ansiedade literária

Estamos em março de 2018. Desde o início do ano, comprei apenas um livro. Passei incólume às promoções de Dia Internacional da Mulher e aos descontos de Dia do Consumidor. Estou orgulhosa de mim, sim ou claro?

Tenho tentado ser menos consumista em todos os aspectos da minha vida. Meu novo mantra é o do personagem Julius no seriado Todo Mundo Odeia o Chris: “se eu não comprar, o desconto é maior”. Mas quero deixar claro que acho a palavra “consumismo” inadequada para literatura já que ela se refere à compra de bens supérfluos. Desde quando livros são supérfluos, rs?! De qualquer forma, achei melhor reduzir as idas às livrarias e nem abro mais os e-mails da Amazon. O que os olhos não veem o coração não sente.

A segunda motivação é que estou com um sério problema de espaço. Meus livros estão espalhados pela casa. Minhas prateleiras já têm duas fileiras. Autores compatriotas ou livros da mesma coleção estão separados porque não cabem mais no mesmo local. Eu e minhas manias de organização sofremos ao ver essa situação. Quando vou fazer uma foto para um post no blog, especialmente as listas que costumam englobar vários títulos, tenho que colocar minha casa abaixo para procurar os exemplares. Também não foram raras as vezes em que quase comprei um livro pela segunda vez, porque alguns títulos estão guardados tão escondidos que me esqueço de que os tenho.

A vontade de economizar e a escassez de espaço, no entanto, não são as principais razões para um 2018 mais contido. Estou trabalhando para diminuir também minha ansiedade literária. Não demorei muito para perceber que o tempo que eu tinha disponível não condizia com meu ritmo de compra de livros. Desde que começamos o blog, eu e a Tatá temos ganhado muitos títulos. Sem contar a assinatura da Tag Livros que traz um exemplar novo todo mês. Resultado? Uma pilha cada vez maior de livros não lidos.

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[Divã] Grandes (ou pequenos) spoilers da literatura

Alerta: esse texto contém (alguns) spoilers.

Um assunto que move paixões na internet são os spoilers. A expressão, que vem do verbo inglês “to spoil” e significa literalmente estragar algo, é levada bem a sério por quem faz maratonas de séries de televisão ou acompanha sua saga favorita no cinema.

Quer um exemplo? É só entrar no Twitter depois de um episódio de fim de temporada de Game of Thrones para ver a rede social se transformar em um palco de batalha mais sangrento que os da série.

Entre os maratonistas literários, os spoilers podem causar menos cizânia, mas ainda assim podem gerar debates acalorados. De um lado, aqueles que não suportam saber como termina uma narrativa. Do outro, quem não segura a curiosidade e já corre para a última página para saber o destino de seu personagem preferido.

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