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[A Besta Humana] Semana #5

Para a próxima semana, avançamos mais um capítulo, até a página 277 (se você tem a edição da foto).

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O romance de Jacques Lantier e Séverine Roubaud ficou mais intenso, mais cúmplice e também menos discreto nos dois capítulos que acabamos de ler de A Besta Humana.

Mais uma vez o trem Lison, a máquina conduzida por Jacques, foi protagonista. Em uma manhã de sexta-feira, justamente quando Séverine costuma ir à Paris para passar o dia com o amante, com a desculpa de tratar uma enfermidade no joelho, a neve cai pesadamente sobre Le Havre. As ruas, descreve Zola, tinham uma camada de mais de trinta centímetros de espessura de neve.

Na escuridão, porém, a luz forte do fanal parecia ser devorada por toda aquela densidade descorada que caía. Em vez de ser iluminada por até duzentos ou trezentos metros, a via se mostrava sob uma espécie de bruma leitosa, em que as coisas só surgiam já muito próximas, como se viessem das profundezas de um sonho. Como temia o maquinista, logo se constatou – já no primeiro sinal de beira da via – que seria impossível distinguir, dentro da distância mínima regulamentar, as luzes vermelhas delimitando o caminho. Isso levou ao auge sua preocupação.

Jacques não se preocupava apenas com o trem que conduzia ou com os passageiros sob sua responsabilidade. O fato de ter Séverine a bordo fazia com que fosse excessivamente cauteloso. Zola explora muito bem a relação entre os dois e a natureza. A primeira noite que passam juntos é de tempestade forte, o que acirrou os ânimos dois dois, confrontados com a possibilidade de perderem um tempo precioso juntos.

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[Resenha] Dois Irmãos

Uma briga entre irmãos que nem a distância Manaus-Líbano é capaz de apaziguar. O escritor Milton Hatoum parte desse conflito para desenvolver um romance que esconde, sob a estrutura aparentemente banal de drama familiar, uma crítica social ainda hoje pertinente. Dois Irmãos já foi publicado em mais de dez países e é considerada uma das melhores obras brasileiras dos últimos quinze anos.

Yaqub e Omar são gêmeos, filhos do casal Zana e Halim, ambos de origem libanesa. Nascidos em Manaus, os dois foram criados sob a superproteção da mãe, que sempre teve uma predileção clara pelo caçula Omar. Ainda na adolescência, começa a história de rancor entre os irmãos. A disputa por Lívia, a sobrinha aloirada dos Reinoso, vizinhos da elite manauara, começa em uma noite de cinema na casa de Estelita, a tia da garota. Enciumado com a aproximação de Yaqub e Lívia, Omar revela seu caráter explosivo e fere com uma garrafa estilhaçada o rosto do irmão:

A cicatriz já começava a crescer no corpo de Yaqub. A cicatriz, a dor e algum sentimento que ele não revelava e talvez desconhecesse.

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[Lista] 5 livros que mereciam ganhar uma continuação

A semana começou com uma corrida às livrarias pelo novo livro da saga Harry Potter, o oitavo da série. Não é exatamente uma continuação, já que trata-se de uma história escrita por J. K. Rowling para uma peça esgotadíssima em Londres. Ainda assim, o lançamento de Harry Potter and the Cursed Child provocou filas enormes e estantes vazias  nas principais livrarias do país, todos procurando saber o que aconteceu com Harry, Hermione e Ron. Afinal, quem nunca se questionou sobre o futuro de um personagem querido? Pensando nisso, listamos outros livros que também mereciam ganhar uma sequência!

1 – Foi Apenas um Sonho, de Richard Yates: Nos Estados Unidos da década de 50, Frank e April Wheeler são um jovem casal cujas ilusões são demolidas por terem aceitado se conformar com uma vida familiar nos subúrbios. O peso da maternidade, da casa e da falta de acontecimentos soterram April, que se afunda na depressão e em estágios que alternam alguma esperança com o futuro e profundo desinsteresse pelo presente, embora tente manter as aparências. A mudança para a Rua da Revolução só acentua o quadro e, aos poucos, o casamento desmorona.

-(…) Foi assim que nós dois ficamos comprometidos com essa grande ilusão… pois isso tudo não passa de uma ilusão enorme, obscena… essa ideia de que as pessoas têm de desistir da vida e “se fixar” quando constituem famílias. É a grande mentira sentimental dos subúrbios, e eu tenho feito você endossar essa mentira todo esse tempo. Tenho feito você viver essa farsa! Meu Deus, cheguei a construir para mim essa imagem piegas, de telenovela…

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