Mês: (página 3 de 3)

[Resenha] A Noite da Espera

A folha de rosto de A Noite da Espera, novo romance de Milton Hatoum que chega às livrarias pela Companhia das Letras, traz o seguinte verso do poeta sírio Adonis:

A solidão é a tinta da viagem.

Martim, o jovem narrador desse romance, primeira parte da trilogia O Lugar Mais Sombrio, descobrirá essa verdade rapidamente. Depois da separação dos pais, é levado a se mudar para Brasília na companhia do pai. Deixando o ambiente que lhe é familiar, a capital recém-criada, ainda quase vazia e marcada pela tensão do golpe militar de 64, é um reflexo do cotidiano que Martim enfrenta em casa: a aridez da figura paterna acentua a distância da mãe que dá notícias apenas esporadicamente, a partir de um sítio escondido do qual se sabe muito pouco.

Na contracapa desta edição, que recebemos autografada por Hatoum (pulinhos de alegria!), a crítica literária Leyla Perrone-Moisés comenta que da multidão de escreventes que temos hoje, poucos merecem o título de escritor, qualificativo que ela atribui ao escritor amazonense. Sem dúvidas, Hatoum é uma das mais potentes vozes no cenário literário brasileiro, capaz de se reinventar a cada novo romance.

Leia mais

[Lista] 20 melhores leituras do ano para sua lista de presentes (parte 1)

Pensando em dar livros de presente neste fim de ano? Ou está montando sua lista de desejos para compartilhar com a família? Estamos aqui para ajudá-lo! Publicamos quase 50 resenhas em 2017 e, para facilitar suas compras, vamos elencar as 20 melhores leituras do ano. Assim, você vai colocar na sua sacola só o crème de la crème!

Nesta semana, é minha vez de listar meus achados e, na próxima, a Tatá traz os favoritos dela. Confira!

1. Os Buddenbrook, de Thomas Mann: ótima dica para o leitor que ama clássicos e não se intimida diante de calhamaços. O romance conta a história do poderoso clã Buddenbrook entre 1835 e 1877. Quatro gerações e quatro décadas de uma ficção não tão distante da nossa realidade. Além de um belo retrato da burguesia europeia da época, Mann nos presenteia com um enredo que destaca temas universais, como o comportamento humano diante de conquistas, de insucessos e da ideia de que certos indivíduos já nascem com o peso de um destino traçado. Veja a resenha completa aqui.

2. O Diabo no Corpo, de Raymond Radiguet: também um clássico, mas de leitura rápida e com um enredo nada convencional para a época. Uma mulher casada, de 19 anos, se apaixona por um jovem estudante de 16, enquanto seu marido combate na Primeira Guerra Mundial. Essa, que é uma das poucas obras do escritor francês falecido aos 20 anos, gerou muita polêmica quando foi publicada em 1923 e, ainda hoje, conquista leitores por sua ousadia. Pelo que se sabe da história de Radiguet, há traços autobiográficos nesse romance, o que não ameniza a surpresa diante da precocidade literária do escritor. Veja a resenha completa aqui.

3. Salões de Paris, de Marcel Proust: presente ideal para aquele amigo sofisticado. A belíssima edição da Carambaia traz 22 textos que revelam a faceta do Proust jornalista que, em muitos aspectos, lembra a do célebre Proust romancista. De crônicas que versam sobre as festas requintadas da Paris do início do século XX até ensaios que refletem sobre memória e família, nesse livro, é possível apreciar toda flexibilidade do rebuscado estilo proustiano. Veja a resenha completa aqui.

Leia mais

“Falou-me em libertar milhões de ignorantes dos seus horrorosos costumes, ao ponto, palavra de honra, de eu começar a sentir-me pouco à vontade. Atrevi-me a sugerir que o objetivo da Companhia era ter lucros. ”

 

Joseph Conrad em O Coração das Trevas

[Laços] Semana #5

E aí, o que acharam das confissões de Aldo neste último trecho lido? Qual a sua reação diante do outro lado da história que lemos no comecinho do romance? Na próxima semana, avançamos até a página 118.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Aldo reconta a si mesmo, mais do que ao leitor, a história do período em que se separou de Vanda. Finalmente, podemos ouvir o outro lado daquela narrativa conturbada das cartas que marcam o início do livro. Descobrimos que, enquanto Vanda vociferava suas mágoas, Aldo vivia seu sonho de liberdade.

É interessante como Domenico Starnone usa o tempo para criar dois personagens diferentes no mesmo personagem. O Aldo que abandonou Vanda não é o mesmo que agora recorda aquele período. Seu comportamento, que outrora lhe parecia legítimo e natural, se torna duvidoso nessa nova perspectiva.

Leia mais

Post mais recentes

© 2025 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑