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[Resenha] Amiga de Juventude

A canadense Alice Munro é a rainha da narrativa breve. Não à toa, ela foi a primeira escritora dedicada exclusivamente a esse gênero a conquistar o Prêmio Nobel de Literatura, em 2013. A precisão de sua linguagem e a construção de ótimos personagens, em sua maioria figuras femininas, garantem aos seus contos a profundidade de grandes romances.

Amiga de Juventude (Globo Livros – Biblioteca Azul, 303 páginas) reúne dez narrativas publicadas em 1990. Nessas breves histórias, ela dá vida a mulheres cujas personalidades, em algum momento, entram em choque com seu meio social, desencadeando instantes de liberdade tão fugazes quanto decisivos

O destino dessas personagens é nebuloso, sempre nas entrelinhas, e é justamente essa condição que torna as histórias ainda mais envolventes. O leitor se deixa levar pela busca, às vezes inconsciente, empreendida por essas mulheres, e acaba em tramas marcadas por paixão, violência ou fantasmas da memória.

Munro sabe trabalhar muito bem a tensão do elemento surpresa. Embora sua escrita tenha um ritmo sereno, quem já conhece a obra da autora não se deixa enganar pela calmaria e logo enxerga a reviravolta à espreita.

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[Resenha] Fugitiva

Não espere finais felizes dos oito contos reunidos em Fugitiva, uma das coletâneas de textos de Alice Munro. Em suas histórias, a canadense, ganhadora do Prêmio Nobel em 2013, não procura desfechos grandiosos, arrebatadores. A vida, ela nos ensina, é o cotidiano e o banal, e fugir nem sempre é possível.

Embora adore o gênero – enquanto estava lendo Munro, escrevi uma lista com cinco contos que considero imperdíveis -, acho particularmente difícil resenhá-lo. Há nessas coletâneas uma multiplicidade de vozes e temas que nem sempre permitem generalizações.

Os contos em Fugitiva, porém, têm, além das mulheres como protagonistas, alguns pontos de convergência. A inescapabilidade do destino – ou até mais do que isso, a força do acaso, que por vezes assume até um ar místico – é algo recorrente em suas histórias.

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[Lista] 15 escritoras que você precisa ler

Um blog escrito por duas mulheres não poderia passar a semana do Dia Internacional da Mulher sem uma lista como esta, não é mesmo? Como disse Rebecca Solnit, em um dos ensaios da coletânea A Mãe de Todas as Perguntas, “a história do silêncio é central na história das mulheres”. Acreditamos que a literatura, enquanto espaço de fala, tem um papel fundamental na virada desse jogo. Vamos, então, ler mais mulheres e contribuir para um futuro com menos vozes femininas silenciadas? O que não faltam são opções!

1. Alice Munro: a canadense, Nobel de Literatura, é considerada a “mestra do conto contemporâneo”. Os personagens fortes, quase sempre mulheres, e a linguagem precisa de Munro garantem que seus textos, mesmo que breves, tenham a profundidade de um romance. Por aqui, já publicamos a resenha de Fugitiva.

2. Chimamanda Ngozi Adichie: quem acompanha o blog há um tempo dispensa a apresentação dessa autora nigeriana, de quem tanto falamos por aqui. Nosso primeiro Clube do Livro foi com um título dela, Hibisco Roxo, e a Tatá também já escreveu um pots bastante esclarecedor do porquê essa escritora tem que fazer parte da sua lista de leituras: 5 razões para ler e amar Chimamanda Ngozi Adichie.

3. Clarice Lispector: dona de uma prosa poderosíssima, que escancara a alma humana e desafia os limites da linguagem, Lispector é um dos maiores nomes da literatura mundial. Nós, brasileiros, ainda temos a sorte de poder lê-la no original e captar toda beleza e profundidade da sua escrita. Aqui no Achados, já resenhamos A Paixão Segundo G.H.

4. Margaret Atwood: descobri a literatura de Atwood no ano passado, quando lemos Dicas da Imensidão, sua coletânea de contos, em nosso Clube do Livro. Nessa mesma época, foi lançada a série baseada em seu romance O Conto da Aia. Com uma linguagem precisa e cortante, Atwood se destaca por colocar em pauta fortes embates e dilemas morais sob uma narrativa fluida e bem construída.

5. Maria Valéria Rezende: uma das melhores descobertas que a Flip 2017 me proporcionou! Talento da literatura brasileira contemporânea, bem-humorada e sem papas na língua, essa freira missionária de 76 anos, que vive em João Pessoa e dedicou grande parte da sua vida à educação e aos direitos humanos, tem uma literatura que expressa as cores do nosso país, sem perder de vista nossos problemas mais urgentes e a condição da mulher na sociedade. Veja a resenha do seu romance Quarenta Dias.

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“Então é esta a dor da perda. Ela se sente como se um saco de cimento tivesse sido despejado dentro dela, endurecendo muito depressa. Mal consegue se mover.”

 

Alice Munro em Fugitiva

[Lista] 5 escritoras para ler mais mulheres

Ler mais mulheres é sempre um objetivo aqui no Achados e Lidos. Para incentivar nossos leitores na semana em que o mundo celebra o Dia da Mulher, listamos cinco escritoras que, em suas obras, contam histórias de personagens femininas fortes e interessantes, seja com base em relatos reais ou fictícios!

1. Xinran: A chinesa Xinran nasceu em Beijing em 1958 e escolheu uma profissão particularmente difícil em um país controlado por um partido pouco afeito à liberdade de expressão: o jornalismo. Em seus livros, entre os quais os mais conhecidos são Testemunhas da China e As Boas Mulheres da China, Xinran parte dos relatos de pessoas comuns para contar a história de um país que passou por transformações traumáticas nos últimos 50 anos, que trouxeram desenvolvimento ao mesmo tempo em que deixaram uma parte dos cidadãos à margem do progresso. 

A escritora, que passou pelo Brasil em 2009, se preocupou, especialmente, em dar voz às mulheres esquecidas nesse processo. Grande parte desses relatos foram colhidos durante o período em que Xinran apresentou um programa de rádio muito popular, Palavras na Brisa Noturna, no qual entrevistava mulheres de diferentes condições sociais para tentar entender como viviam essas personagens em um ambiente opressivo, humilhante e miserável.

A maioria das pessoas que me escreviam na rádio eram mulheres. Geralmente eram cartas anônimas ou assinadas com um nome fictício. Muito do que diziam me causava um choque profundo. Eu achava que compreendia as chinesas. Lendo as cartas, percebi como estava enganada. Elas viviam uma vida e enfrentavam problemas com que eu nem sequer sonhava.

O livro é de uma sensibilidade aguçada e mostra, além das agruras do mundo material, a falta de convívio sentimental que prevalecia na China. 

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