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[Lista] 15 escritoras que você precisa ler

Um blog escrito por duas mulheres não poderia passar a semana do Dia Internacional da Mulher sem uma lista como esta, não é mesmo? Como disse Rebecca Solnit, em um dos ensaios da coletânea A Mãe de Todas as Perguntas, “a história do silêncio é central na história das mulheres”. Acreditamos que a literatura, enquanto espaço de fala, tem um papel fundamental na virada desse jogo. Vamos, então, ler mais mulheres e contribuir para um futuro com menos vozes femininas silenciadas? O que não faltam são opções!

1. Alice Munro: a canadense, Nobel de Literatura, é considerada a “mestra do conto contemporâneo”. Os personagens fortes, quase sempre mulheres, e a linguagem precisa de Munro garantem que seus textos, mesmo que breves, tenham a profundidade de um romance. Por aqui, já publicamos a resenha de Fugitiva.

2. Chimamanda Ngozi Adichie: quem acompanha o blog há um tempo dispensa a apresentação dessa autora nigeriana, de quem tanto falamos por aqui. Nosso primeiro Clube do Livro foi com um título dela, Hibisco Roxo, e a Tatá também já escreveu um pots bastante esclarecedor do porquê essa escritora tem que fazer parte da sua lista de leituras: 5 razões para ler e amar Chimamanda Ngozi Adichie.

3. Clarice Lispector: dona de uma prosa poderosíssima, que escancara a alma humana e desafia os limites da linguagem, Lispector é um dos maiores nomes da literatura mundial. Nós, brasileiros, ainda temos a sorte de poder lê-la no original e captar toda beleza e profundidade da sua escrita. Aqui no Achados, já resenhamos A Paixão Segundo G.H.

4. Margaret Atwood: descobri a literatura de Atwood no ano passado, quando lemos Dicas da Imensidão, sua coletânea de contos, em nosso Clube do Livro. Nessa mesma época, foi lançada a série baseada em seu romance O Conto da Aia. Com uma linguagem precisa e cortante, Atwood se destaca por colocar em pauta fortes embates e dilemas morais sob uma narrativa fluida e bem construída.

5. Maria Valéria Rezende: uma das melhores descobertas que a Flip 2017 me proporcionou! Talento da literatura brasileira contemporânea, bem-humorada e sem papas na língua, essa freira missionária de 76 anos, que vive em João Pessoa e dedicou grande parte da sua vida à educação e aos direitos humanos, tem uma literatura que expressa as cores do nosso país, sem perder de vista nossos problemas mais urgentes e a condição da mulher na sociedade. Veja a resenha do seu romance Quarenta Dias.

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[Resenha] Noites de Alface

Nada é banal quando se observa com atenção. Até a rotina mais morna de uma pacata vizinhança pode esconder fatos dignos de um romance. Vanessa Barbara provou isso em Noites de Alface, um livro que corrobora a presença da autora na lista dos 20 melhores jovens escritores brasileiros da revista literária Granta.

Otto é um viúvo solitário e ranzinza, que sofre de insônia e leva os dias em uma profunda apatia desde a morte repentina da esposa, Ada. As singelas recordações dos hábitos simples que cultivou com a companheira, em mais de cinquenta anos de casamento, fazem com que nós, leitores, relevemos toda sua casmurrice. A ligação entre Ada e Otto é cativante.

Nada no ar parado o fazia lembrar-se de Ada; era o vento que a trazia de volta, agitada, puxando-a pela mão nos dias de chuva. Otto levantou-se e abriu a janela da sala. A corrente de ar ficou mais forte. Achava desconcertante a esposa ter desaparecido assim, de uma hora pra outra, pois ela vivia na segunda-feira, e na terça já não existia mais. Assim, de repente. (…) O sofá estava espaçoso demais, não havia mais vestidos ou pentes nem creme hidratante com aroma de pepino.

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[Resenha] O Livro Amarelo do Terminal

Borrar as fronteiras entre o jornalismo e a literatura não é tarefa fácil. Há sempre o risco de se avançar demais em um dos lados e comprometer a outra parte da equação: a informação ou a narrativa. Em O Livro Amarelo do Terminal, no entanto, Vanessa Barbara não faz concessões.

Para escrever esta reportagem, Barbara passou seis meses percorrendo os corredores, passarelas e portões do Tietê, ainda como estudante de jornalismo. Levantou artigos sobre o período de construção do terminal, as idas e vindas da obra, as reformas antes mesmo da inauguração. Falou das estatísticas oficiais que atraem atenção dos portais de notícias nas vésperas de feriado. E encontrou também personagens que parecem saídos da ficção. Minha parte preferida são as boas horas em que ela passou ao lado das moças do balcão de informação, uma área que Barbara também parece ter apreciado muito.

“Onde é que eu posso comprar um teco de pimenta?”, um homem perguntou para Silvana, atendente do local. “Eles pensam que a gente tem resposta para tudo”. Como no dia em que chegou uma velhinha calma, perguntando:
– Moça, onde é que eu faço inscrição para ir pro Iraque?
-… Desculpe?
– Pro Iraque. Eu quero ir pra guerra, buscar o meu filho.
– Ahn… senhora, nós não oferecemos esse tipo de serviço.

Se as moças do balcão de informação não sabem dizer onde se alistar para o Iraque, pode ter certeza que elas poderão te ajudar se o objetivo for saber onde fica o Shopping D, qual ônibus vai para Jaguariúna ou como achar o Pelé na estação.

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[Resenha] Operação Impensável

Famílias felizes, famílias infelizes. Todas o são da mesma maneira, para distorcer um pouco a célebre frase de abertura de Anna Kariênina, de Liev Tolstoi. Ou, ao menos, é o que parece nos querer dizer Vanessa Barbara em Operação Impensável.

Comprei o livro bastante animada. Na lista dos 20 melhores jovens escritores brasileiros da revista literária Granta, Barbara escreve deliciosas crônicas para jornais e blogs e ainda compartilha de uma paixão privada, que é analisar a tradução de cardápios. Seu romance mais recente, porém, está longe de ter a mesma graça que seus textos mais curtos.

Operação Impensável conta a história de um casamento que durou cinco anos e terminou em guerra. Nos tempos de paz, somos apresentados a Lia, historiadora, e Tito, programador. Uma família feliz como tantas outras, dona de duas tartarugas, três gatos e uma dezena de filmes vistos e comentados juntos.

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